Mobilização
Piquete paralisa obras na ETA São Gonçalo
Trabalhadores da empresa Enfil aguardam o pagamento de salários relativos a dezembro e a rescisão contratual dos 22 demitidos
Paulo Rossi -
*Atualizada às 18h17min para acréscimo de informações.
Os trabalhadores da Enfil Controle Ambiental trancaram, na manhã desta quarta-feira, o acesso às obras da Estação de Tratamento de Água (ETA) São Gonçalo. No início do mês, 22 operários foram demitidos sem receber os salários relativos a dezembro, que deveriam ter sido pagos até quinto dia útil, além de rescisões, FGTS e acesso ao seguro-desemprego. Com a formação de um piquete na entrada do canteiro de obras, o trânsito de acesso à ETA foi bloqueado com galhos e pedras. O movimento pacífico se estendeu até o final da tarde.
Foi por volta das 6h da manhã que os primeiros trabalhadores chegaram ao local e montaram o bloqueio. Da empresa Enfil, responsável pela obra contratada pelo Sanep, eles aguardam um prazo e uma sinalização do pagamento. Além dos 22 demitidos, cerca de oito funcionários seguem trabalhando, que também ainda não receberam os salários relativos a dezembro. O décimo terceiro salário já foi quitado ainda em 2019.
Há meses, relatam os operários no protesto, que a empresa vem alterando prazos para pagamentos. Do último dia do mês passou para o quinto dia útil do mês subsequente e começaram atrasos desde a metade do ano passado. Enquanto a reportagem esteve no local, funcionários chegaram a entrar em contato com a empresa, que até o momento não deu um prazo concreto para os pagamentos.
Cotidiano paralisado
As contas na casa de Giovana Silveira Xavier estão atrasadas. Com duas filhas, de 13 e 17 anos, a preocupação é com a compra de material escolar para o próximo ano e colocar a comida na mesa. "Em casa eu só tenho arroz e feijão, não tem carne. Esta semana o banco me colocou no Serasa porque não tive como pagar o cartão. Eu sou mãe e pai das minhas filhas, eu preciso do salário", desabafou Giovana, que trabalha no setor de limpeza. Ela não foi demitida, porém ainda não recebeu o salário referente a dezembro.
Demitido, Cleider Treichel também está com as contas atrasadas. Ele conta que a esposa precisou deixar o emprego para cuidar da mãe, paciente oncológica. "O Sanep diz que já pagou tudo, a empresa diz que tem pra receber e enquanto isso os juros vão sendo cobrados da gente", reclamou. O advogado do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção acompanhou a movimentação e dava informações aos trabalhadores. "Eles estão abertos a negociação. Estão sendo cobrados, sofrendo danos. A prioridade é dar uma data", sintetizou Paulo Sérgio Alves de Souza, advogado.
Obra paralisada
O diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia, confirmou que obra foi paralisada durante todo o dia. No dia 9, quando os trabalhadores também protestaram em frente do canteiro de obras, o diretor da autarquia municipal enviou uma notificação à empresa, que tem até a próxima segunda-feira para enviar uma resposta formal. Alguns servidores do Sanep que tinham serviços no local não tiveram acesso a obra e devem retomar o serviço nesta quinta-feira (16), conforme informações repassadas pelo Sanep.
"Notificamos e está no prazo de resposta. Da resposta deles cabem dois caminhos: ou aceito a resposta, ou formalizamos um auto de infração", informou. Iniciada ainda em julho de 2015, a obra se arrasta para o quinto ano. O projeto, iniciado ainda em 2012, foi contemplado com o então Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Saneamento por R$28,8 milhões, na época. Pelas últimas informações divulgadas pelo Sanep, cerca de 70% da obra está concluída.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário